Universidade Federal do Espírito Santo
Ensinar dentro de instituições penitenciárias é um dos maiores desafios para um educador. A população carcerária brasileira é a terceira maior do mundo e está sujeita, inclusive, a violações de direitos humanos, dentre elas a dificuldade no acesso à educação.
Analisar essa realidade é a proposta de um trabalho coordenado pela professora do Centro de Educação Mari Inêz Tavares. Intitulado The chemical education of the marginalised: a teaching experience in the prison system (A educação química dos marginalizados: a primeira experiência docente no sistema prisional), o projeto foi apresentado nesta semana durante o evento International Organisation for Science and Technology Education (IOSTE), na Coréia do Sul, realizado em formato on-line.
A pesquisa foi desenvolvida a partir do diário de bordo de uma estudante do curso de Licenciatura em Química EAD. A partir de seus registros, foi possível pensar nas particularidades do ensino de Química no sistema prisional. A conclusão é que o acolhimento da futura professora foi fundamental para a aquisição de saberes docentes, bem como foi identificada a necessidade de readaptação de práticas e de materiais didáticos compatíveis com a realidade dos estudantes apenados.
Para Mari Inêz Tavares, a importância de apresentar o trabalho está em mostrar que “os pesquisadores em Ciências estão comprometidos com uma educação que respeite os Direitos Humanos e, no caso, com o público que está presente no sistema prisional, uma vez que, para essas pessoas, a educação é o principal caminho de reinserção social”.
Além da professora, participaram da pesquisa as egressas do curso de Licenciatura em Química EAD Iara Koniczna e Larissa Feitosa, o professor do Departamento de Química Paulo Rogério Garcez e a professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) Daisy Rezende.
O IOSTE teve início no dia 1º de fevereiro e segue até esta sexta, dia 5. A apresentação do trabalho dos pesquisadores da Ufes foi por meio de pôster e, futuramente, será produzido um artigo a partir da pesquisa.
Texto: Vinícius Fontana
Imagem: Divulgação IOSTE
Edição: Thereza Marinho
