Professores e estudantes dos cursos de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Psicologia e Fonoaudiologia da Ufes vêm desenvolvendo, desde agosto de 2019, atendimento multidimensional a pacientes com sequelas de queimaduras por meio do projeto de extensão Atenção ao paciente queimado: uma abordagem multiprofissional na perspectiva do modelo biopsicossocial (projeto Fênix). Coordenado pelas professoras Cíntia Santuzzi e Fernanda Mayrink, do Departamento de Educação Integrada em Saúde, o projeto visa colaborar para o restabelecimento das limitações de indivíduos queimados em suas atividades e participação social, além de auxiliar na formação de profissionais com maior conhecimento na área.
Atenção ao paciente queimado é o tema desta semana da série de reportagens sobre as iniciativas extensionistas registradas no Portal de Projetos da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), publicada toda quinta-feira no portal da Ufes (conheça todas as ações já publicadas na lista abaixo). A ação está entre os 26 vencedores da edição de 2020 do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina, realizado anualmente pela Proex.
Dados levantados pela equipe do projeto de extensão dão conta de que, no Brasil, cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras por ano, dos quais aproximadamente 100 mil precisam de internação. “Ao idealizarmos o projeto, percebemos que a recuperação desses pacientes requer uma abordagem multiprofissional, uma vez que eles sempre apresentam limitações físicas e emocionais. Com isso, acreditamos que o olhar interdisciplinar é fundamental para maximizar a função, minimizar a deficiência, promover a autoaceitação e facilitar a reintegração do indivíduo e da família na comunidade”, explica Cíntia Santuzzi.
Gravidade
As queimaduras térmicas (por escaldamento ou contato) são as mais comuns na população em geral e, portanto, os casos atendidos com maior frequência pela equipe do projeto. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, o Fênix atendeu 11 pacientes encaminhados pelo Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, e a uma paciente por meio de busca ativa. A maioria desses atendimentos foi a crianças menores de cinco anos, apresentando queimaduras por contato nas mãos.
Cíntia Santuzzi destaca ainda que, na população pediátrica, as queimaduras apresentam maior gravidade, quando comparadas às mesmas lesões observadas em adultos: “Nesses pacientes, as repercussões podem comprometer aspectos relacionados ao crescimento, ao desenvolvimento corporal e até mesmo à saúde mental”. Assim, após a alta hospitalar, os pacientes seguem sendo assistidos para assegurar a redução das sequelas causadas, a necessidade de novas cirurgias e complicações.
Pandemia
Até março de 2020, quando a Ufes suspendeu as atividades presenciais nos quatro campi em virtude da pandemia do novo coronavírus, os atendimentos eram realizados às segundas-feiras, na Clínica Escola Interprofissional em Saúde, localizada no Centro de Ciências da Saúde (campus de Maruípe). As avaliações eram realizadas de forma transdisciplinar, com os pacientes sendo assistidos, em um primeiro momento, por todas as especialidades envolvidas no projeto, de modo a identificar as demandas necessárias.
“Outro ponto forte de nossas atividades eram as discussões clínicas que aconteciam diariamente, ao final dos atendimentos. Estudantes e professores se reuniam para refletir caso a caso de forma individual e propor a busca da melhor evidência viável para os próximos pacientes”, destaca Fernanda Mayrink.
Além de atuar no restabelecimento das limitações provocadas por queimaduras, o projeto busca agir na prevenção e na promoção de educação em saúde, o que é realizado por meio de postagens de guias e cartilhas de orientação e cuidados sobre queimaduras no perfil Projeto Fênix Ufes, no Instagram. “Esse material tem um papel fundamental, visto que, com a pandemia e as medidas de distanciamento físico, o tempo de permanência em casa aumentou e este é o local onde ocorrem mais de 80% das queimaduras de contato. Nosso objetivo é tanto divulgar o projeto quanto disseminar conteúdos relevantes para a comunidade”, ressalta Fernanda Mayrink.
Impacto
Para possibilitar o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de habilidades que envolvam a abordagem multidimensional, o projeto Fênix também realiza ações de ensino, pesquisas científicas, revisões bibliográficas, publicações de capítulo de livro e envio de resumos para congressos regionais e nacionais.
Como resultado dos trabalhos realizados, professores e estudantes envolvidos no projeto confeccionaram e forneceram, de forma gratuita, órteses para membros superiores e adaptações para as atividades diárias do paciente. “As adaptações foram importantes para permitir a independência dos pacientes, além de melhorar atividades diárias, como escrita e autocuidado”, avaliam as coordenadoras.
Fernanda Mayrink ressalta a importância do envolvimento dos seis professores e também o impacto técnico e científico que o projeto proporcionou para o crescimento profissional e para a formação dos 13 extensionistas das comunidades interna e externa que atuam no projeto. Para ela, além da formação profissional, as atividades permitiram uma vivência transdisciplinar no atendimento. “O paciente queimado necessita de um tratamento especializado, feito por uma equipe multiprofissional, que garanta uma reinserção eficiente na sociedade após o trauma e que maximize seus ganhos funcionais”, analisa.
Informações sobre o projeto podem ser adquiridas pelo e-mail projetofenixufes@gmail.com ou pelo telefone (27) 99782-6135.
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Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto
Edição: Thereza Marinho