Jovens entre 12 e 17 anos são o público-alvo do projeto de extensão Promovendo diálogo sobre saúde e vida com adolescentes, que tem como objetivo apoiar ações da Unidade de Saúde do bairro Jesus de Nazareth, em Vitória, no atendimento a essa parcela da população. A ideia do projeto é atuar na prevenção e na promoção da saúde integral, utilizando métodos e abordagens adequadas à realidade e aos interesses dos adolescentes atendidos.
Finalista da edição 2020 do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina, o projeto faz parte da série de reportagens sobre as ações extensionistas desenvolvidas pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), publicadas no portal da Ufes todas as quintas-feiras (confira todas elas no final do texto).
Criado em 2004, em parceria com a equipe da Unidade de Saúde do bairro, o projeto é coordenado pela professora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento da Ufes Célia Nascimento. Ela explica que as atividades desenvolvidas partem do princípio de que as Unidades Básicas e de Saúde da Família são as portas de entrada para a rede de atenção em saúde e para a rede de atenção psicossocial, podendo se tornar espaços de referência para a população jovem: “É importante que esses espaços estejam preparados também para acolher os adolescentes, seus interesses e necessidades, não só no atendimento da saúde física, mas também nas necessidades de saúde psicossocial, na busca de suporte e informações que promovam o seu desenvolvimento global”.
Dados
Em 2013, um levantamento feito pela Prefeitura de Vitória mostrou que a comunidade de Jesus de Nazareth possuía em torno de 3.374 habitantes, dos quais 26,32% tinham idade entre 0 e 14 anos e 19,34%, entre 15 e 19 anos, sendo, portanto, um bairro com grande número de jovens integrantes de famílias que viviam com renda entre dois e meio (38,29%) e cinco salários mínimos (42,76%). A presença do tráfico de drogas e os conflitos são parte do cotidiano desses adolescentes. Porém, Célia Nascimento afirma que ainda são escassas as intervenções com continuidade voltadas para esse público nas instituições de saúde brasileiras.
A partir dessas constatações e da demanda da Unidade de Saúde no atendimento aos adolescentes da região, foi criado o projeto de extensão Promovendo diálogo sobre saúde e vida com adolescentes, no qual atuam, além da coordenadora, a psicóloga Elisara Sant’Anna e a assistente social Maria Rita Romanel (profissionais da Unidade de Saúde), a bolsista Bruna Rangel e as voluntárias Lorena Porto e Débora Ramos (estudantes do curso de Psicologia).
As ações do Promovendo diálogo sobre saúde e vida com adolescentes consistem em oficinas de educação e saúde, dinâmicas de grupo, palestras, rodas de conversas e passeios. Até o final de 2019, foram realizados cerca de 370 encontros, dos quais participaram quase 480 adolescentes. A assistente social Maria Rita Romanel lembra que, nos 14 anos de atividades com o projeto, um grande número de adolescentes participou de forma efetiva, o que contribuiu para a criação de um vínculo. “Muitos já estão adultos, mas se reportam a nós quando precisam de orientações. Os adolescentes que já estiveram no grupo fazem divulgação positiva e incentivam irmãos menores e amigos a participarem”, destaca.
Pandemia
A partir de março de 2020, as atividades presenciais do projeto foram suspensas para tentar conter o avanço da covid-19. Com isso, as extensionistas e a equipe de saúde passaram a realizar reuniões remotas para discutir sobre o material teórico e se atualizar sobre o cotidiano dos profissionais da Unidade de Saúde durante a pandemia.
Em outubro, um kit com itens de higiene, material de papelaria e máscaras (doados pela Rede Mãos que Protegem) foi distribuído pelas extensionistas a 17 adolescentes que participaram do projeto em 2019 (foto principal). “Foi uma forma de proporcionar um momento de encontro da equipe de saúde com os jovens, com o propósito de manter o vínculo e saber como estavam vivenciando as condições impostas pelo isolamento social e pela pandemia”, diz Célia Nascimento.
Em maio deste ano, as oficinas presenciais foram retomadas no auditório da Unidade de Saúde de Jesus de Nazareth, mantendo o distanciamento e fornecendo álcool em gel para os participantes. “Temos feito o planejamento juntos, e a equipe de saúde tem executado. As extensionistas, alunas de Psicologia, têm participado gravando vídeos com o intuito de passar as instruções das oficinas”, explica Célia Nascimento.
Diversidade
Até 20 adolescentes participam das atividades semanais, e esse grupo se mantém unido pelo período de seis meses a um ano. Os temas abordados são levantados pelos próprios participantes e pela equipe, buscando atender às reais necessidades e aos interesses deles. Dentre os assuntos já discutidos, estão respeito ao próximo, diversidade, empatia, autoconhecimento, forças pessoais, projetos de vida, perspectivas futuras e formação profissional, sempre utilizando recursos lúdicos e dinâmicas diversificadas para fortalecer a integração e a participação.
A psicóloga Elisara Sant’Anna lembra que muitos adolescentes que passaram pelo projeto retornam para expor sua experiência de vida e profissional: “Aprendemos muito com essa proximidade, uma vez que essa faixa etária é bem criativa e nos deixa atualizada. Além disso, é uma forma de manter um vínculo com a Universidade por meio dos extensionistas”.
Formação
Célia Nascimento acredita que a atuação prática no projeto impacta a formação dos extensionistas, agregando experiência na formação para o trabalho profissional e auxiliando no desenvolvimento de práticas e estratégias para o trabalho em equipe.
A psicóloga clínica Bruna Amorim atuou como extensionista do projeto por dois anos e meio, até se formar, em 2019. Ela analisa que ter participado da ação gerou habilidades grupais que a auxiliam na rotina de trabalho: “Foi minha primeira experiência com grupos e pude experimentar a habilidade de escuta, a mediação, e tive a oportunidade de gerar transformação na vida de adolescentes através da Psicologia na prática”.
Atual bolsista do projeto, a estudante do oitavo período Bruna Rangel acredita que o trabalho desenvolvido pela atividade de extensão com a Unidade Básica de Saúde favorece a população de Jesus de Nazareth, “que geralmente pouco tem contato com esse serviço”. Além disso, ela considera fundamental, como estudante, ter uma atuação prática voltada para a comunidade. “Enriquece muito a formação, por possibilitar o contato com a realidade das pessoas e do território, além de permitir o contato com profissionais e com o serviço de saúde”, conclui.
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Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto (as fotos das ações em grupo foram realizadas antes da pandemia)
Edição: Thereza Marinho