Projeto do Hucam garante atendimento precoce a pacientes com sinais de deterioração clínica

29/09/2022 - 17:19  •  Atualizado 03/10/2022 12:39
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Na rotina hospitalar, antes da conclusão de que um paciente internado precisa de terapia intensiva, ele dá sinais e sintomas. O corpo fala, e cabe aos profissionais envolvidos saber entendê-los para tomar a melhor decisão e antever problemas. Mas, no idioma das manifestações clínicas, se cada integrante da equipe assistencial entende as mesmas pistas de um jeito diferente, quem perde tempo é o doente. E no leito de hospital, perder tempo pode significar, no pior dos casos, perder a vida.

Para que todos observem os mesmos critérios, o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), integrante da Rede Ebserh, criou o Projeto Impachto. Um dos objetivos é garantir o atendimento precoce por meio da identificação dos sinais de deterioração clínica do paciente, padronizando o atendimento de urgências e emergências em pacientes nas unidades de internação. Para entender os sinais de piora, foi estabelecido que todos usem um mesmo método: a Escala de News.

O projeto começou em 2019, nos leitos de internação do quarto andar do Hucam. A cada sinal de agravamento, o paciente acumula pontos – por isso a palavra score (pontuação, em inglês). Se a soma passar de 7, o profissional que identificar o número deve acionar o médico plantonista para fazer atendimento em até dez minutos. Enquanto isso, o Núcleo de Regulação e Internação do hospital tem que providenciar a vaga de UTI.

"Os sinais que compõem a escala são todos padronizados, o que melhorou o trabalho multidisciplinar na assistência ao paciente. É um modelo que trabalha corresponsabilidades", enfatiza a chefe da Divisão de Enfermagem do Hucam, Rosilene Nilo.

Pandemia

Com a crise sanitária da covid-19, em 2020, leitos tiveram que ser adaptados em tempo recorde para receber no Hucam usuários do Sistema Único de Saúde com a doença. A enfermaria usada foi justamente aquela que já aplicava a Escala de News como piloto, no quarto pavimento. O Projeto Impactho teve seu grande teste de esforço e o Hucam, naquele ano, conseguiu manter o índice de mortalidade em 2%, menor que em outros hospitais do Espírito Santo com pacientes internados com covid. Com isso, o modelo se provou capaz de cumprir os demais objetivos traçados no início: reduzir a incidência de complicações que levam à internação em unidades intensivas; reduzir a mortalidade intra-hospitalar, favorecendo a segurança do paciente; definir o fluxo de atendimento multiprofissional; e melhorar a comunicação entre as equipes.

"Não existe achismo. Os critérios da Escala de News são objetivos. O grau de gravidade surge de acordo com a pontuação", resume a chefe da Unidade de Apoio à Gestão em Enfermagem do Hucam, Mayana Fraga.

Expansão

Pioneiro da Rede Ebserh, o Projeto Impactho ganhou a confiança da gestão do Hucam e atualmente está implantado em 68 leitos: além das vagas do quarto andar, está também nos leitos de Urologia e Nefrologia. Até dezembro, saltará para todos os 145 leitos do hospital onde o método é aplicável – as exceções são o Pronto-socorro, os leitos pediátricos e neonatais, e a Maternidade.

No ganho de fôlego para a expansão, o Impactho trabalha agora na instalação de painel eletrônico, primeiramente na Urologia, para mostrar em tempo real a pontuação de agravo dos pacientes internados. Toda a gestão das informações conversa com o AGHUx, o aplicativo de gestão hospitalar da Ebserh. À vista de todos, a corresponsabilidade mencionada pela chefe da Divisão de Enfermagem ganha mais força. Também há investimentos na compra de aparelhos para aferição de sinais vitais, como termômetro, saturímetro e estetoscópio.

 

Texto e fotos: Unidade de Comunicação do Hucam-Ufes