Ex-presidente da Capes reforça importância da articulação entre governo, empresas e universidades

10/04/2023 - 17:08  •  Atualizado 12/04/2023 11:21
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O ex-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, afirmou nesta segunda-feira, 10, que o desenvolvimento econômico e social do Brasil depende de maior articulação entre governo, empresas e universidades. Ele ministrou, pela manhã, uma palestra no Cine Metrópolis, organizada pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) da Ufes, e visita o estado a convite do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade, que completa dez anos nesta segunda-feira.

O pesquisador é membro da Academia Brasileira de Ciências desde 1978, liderou a Capes por 11 anos (de 2004 a 2015) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) por sete anos, até 2022. Guimarães foi recebido pelo reitor da Ufes, Paulo Vargas; pelo vice-reitor, Roney Pignaton; e pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Valdemar Lacerda Jr. O ex-reitor Reinaldo Centoducatte e a diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Cristina Engel, também estiveram presentes no evento.

Em sua fala, Guimarães destacou a importância da educação, da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento econômico e social, mostrando o papel das universidades na sociedade, ao atuar nessas três frentes. O pesquisador lembrou da importância de se investir em educação, de modo que a formação básica e universitária deem conta de formar profissionais alinhados às necessidades de mercado. "Os Estados Unidos não tinham, até a década de 1940, a força que têm hoje na área de pesquisa. E conseguiram desenvolver essa área unificando governo, empresas e universidades. No Brasil, ainda não fizemos a cultura de parcerias entre empresas e universidades", ressaltou.

Ele alertou para o desperdício de jovens que se formam e não encontram emprego por terem currículos defasados em relação às expectativas do mercado. "Temos 14 milhões de pessoas na faixa de idade de 14 a 29 anos que nem estudam, nem trabalham. O Brasil corre o risco de desperdiçar o bônus demográfico de sua população jovem", afirmou. Para solucionar esse problema, sugere investir na educação básica – com destaque para o "letramento matemático", de modo a obter familiaridade com números – e aproximar empresas e universidades para preparar os jovens para desenvolverem a metacognição, ou seja, a capacidade de aprender a aprender.

Parcerias

As economias emergentes, como a do Brasil, têm, segundo Guimarães, vantagens comparativas na área ambiental (verde), criativa (laranja), de cuidados (prateada), e também na área digital e circular (de redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia). "Precisamos transformar essa vantagem comparativa em competitiva, ampliando a pesquisa aplicável, desenvolvida em parceria com o setor empresarial", sugere o pesquisador, que implementou ações de aproximação entre instituições de ciência e tecnologia e empresas durante os anos em que presidiu a Embrapii.

Ele avalia que tais parcerias são essenciais para que o Brasil tenha maior robustez em pesquisas que não fiquem apenas na prateleira, mas que virem soluções práticas. "Para alcançar os 2% do Produto Interno Bruto investidos em Ciência, Tecnologia e Inovação, são necessários não só investimentos do governo, mas também de empresas. Essa medida pode contribuir, também, para aumentar o número de pesquisadores", sugere, acrescentando a necessidade de rediscutir os modelos de investimento dos governos em inovação, atualmente muito focados em empréstimos. Essa medida, segundo ele, é entendida como de risco muito alto por empresas que não têm a cultura de investir em pesquisa.

Na foto acima, Jorge Guimarães; o reitor Paulo Vargas; e o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Valdemar Lacerda Jr.

 

Texto: Lidia Neves
Fotos: Lidia Neves e Carolina Anhoque
Edição: Thereza Marinho