Ceunes recebe prédio para a realização de pesquisas de biodiversidade aquática

12/11/2021 - 18:30  •  Atualizado 01/11/2022 09:26
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O Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), localizado no campus de São Mateus, recebeu nesta sexta-feira, 12, o prédio Biodiversidade Aquática (BioAqua), que abrigará oito laboratórios e parte da coleção tombada do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA). 

A inauguração contou com a presença do reitor da Ufes, Paulo Vargas; do vice-reitor, Roney Pignaton; do diretor do Ceunes, Luiz Antonio Favero; do superintendente da Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest), Armando Biondo; da gerente de Projetos da Fest, Patrícia Soares; e do diretor de Relações Institucionais da Fundação Renova, Gilson Dias, entre outras autoridades da Universidade e de membros da comunidade acadêmica. 

A obra é fruto do acordo técnico-científico firmado entre a Ufes, por meio da Fest, e a Fundação Renova, no qual foi estabelecida a execução do PMBA por pesquisadores da Rede Rio Doce Mar, criada para apoiar ações reparatórias relativas aos impactos do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), ocorrido em 2015.

Na solenidade, o reitor Paulo Vargas afirmou que o espaço será fundamental para fomentar a pesquisa na Universidade a partir do campus no norte do Espírito Santo. "Esse é um prédio de laboratórios voltados para o estudo da biodiversidade aquática e abrigará pesquisadores de diferentes áreas científicas e tecnológicas. É um patrimônio importante que vai ser agregado à Ufes e, sobretudo, importante para o Ceunes, no desenvolvimento de pesquisa, ensino e investigação científica. Imagino que, com o retorno gradual e seguro das atividades presenciais na nossa Universidade, será uma grata satisfação aos nossos estudantes encontrar esse prédio com todas essas instalações disponíveis para pesquisa, e que poderá viabilizar trabalhos de qualidade, como é o desejo de todos nós", destacou. 

Paulo Vargas lembrou que a obra é resultado de contrapartidas da Fundação Renova pela participação de pesquisadores da Ufes na Rede Rio Doce Mar, nos trabalhos de avaliação dos impactos ambientais decorrentes do rompimento da barragem de Mariana: "É um esforço que tem sido feito no sentido de fazer a reparação, fazer a identificação dos impactos para viabilizar as ações de recuperação e reparação ambiental. E a Rede foi constituída a partir da mobilização da nossa Universidade. Esse prédio irá proporcionar condições bastante adequadas para nossos pesquisadores". 

A Rede Rio Doce Mar começou a atuar em 2018 para executar o PMBA, que é coordenado institucionalmente pela Ufes. A execução do Programa é dividida em oito grandes temáticas e conta com a colaboração de mais de 550 profissionais. 

Reparação

O diretor de Relações Institucionais da Fundação Renova, Gilson Dias, ressaltou que o prédio é um compromisso da Fundação que se materializa. "O processo de reparação é um processo complexo, sem precedentes, mas nós temos o objetivo específico de reparar ou retomar aquilo que era antes, retomar a vida das pessoas, retomar as condições naturais. Sabemos que é um desafio e muitas vezes é quase impossível, mas não vamos desistir. Temos o compromisso das entregas e hoje eu vejo materializada mais uma entrega, que contou com o trabalho de várias mãos e a colaboração de várias instituições, incluindo a Fundação Renova", afirmou. 

Para o diretor do Ceunes, Luiz Antonio Favero, a inauguração é motivo de alegria, principalmente no momento atual, de falta de investimento em educação, ciência e tecnologia. "O evento que motivou essa reparação, sem dúvidas, é um fato muito ruim. Mas esse prédio pode ser um instrumento de transformação para a sociedade. O principal objetivo é proporcionar ao nosso país, a nossa sociedade, um espaço de produção de conhecimento e que esse conhecimento tenha um impacto lá fora. Que esse seja um espaço para que nossos pesquisadores façam o que fazem de melhor, que é produzir", afirmou.

O prédio possui 588 metros quadrados e sua construção demandou um investimento de cerca de R$ 3,9 milhões. A estrutura abrigará os laboratórios de análises ecotoxicológicas, de ecofisiologia dos manguezais, de genética e conservação de cetáceos, de ecologia bentônica, de ecologia de peixes marinhos e coleções zoológicas. Cerca de 110 pesquisadores podem trabalhar simultaneamente dentro do espaço. Além das pesquisas do Programa, aproximadamente 50 outras serão realizadas nos laboratórios do BioAqua.

Ameaça

Na solenidade, o reitor destacou a importância da inauguração, considerando o atual momento pelo qual passa a Universidade, de desvalorização da ciência e de tentativa de fragmentação. 

"Entendo que precisamos celebrar, na medida em que vivemos tempos de absoluto desprezo pela ciência, e pela tentativa de desmonte das instituições federais de fomento e produção científica e tecnológica. Passamos agora por um momento difícil com o desincentivo à produção científica, corte de recursos para a pesquisa e, se não bastasse, atualmente também estamos sofrendo ameaças de fragmentação da nossa estrutura acadêmica e administrativa. Uma tentativa exógena e alheia aos interesses da comunidade acadêmica de fracionar a Universidade Federal do Espírito Santo. Nós deveríamos estar brigando para fortalecer a nossa universidade como única universidade pública do Espírito Santo", exortou Paulo Vargas. 

O reitor concluiu dizendo que a Ufes é um patrimônio da sociedade capixaba e brasileira, e que não pode ser objeto de uma "política casuística de interesse particularizado de alguns grupos". 

 

Texto: Thereza Marinho e Vinícius Fontana, com a colaboração de Américo Soares, estagiário da TV Ufes
Imagem da solenidade: Américo Soares
Edição: Thereza Marinho