Documentário mostra vivências e desafios de mulheres pesquisadoras no Brasil

06/09/2022 - 10:57  •  Atualizado 12/09/2022 20:01
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Histórias de luta e sucesso de quatro mulheres pesquisadoras no Brasil chegam à tela do Cine Metrópolis no dia 12 de setembro, às 18 horas, com a exibição do documentário Ciência: Luta de Mulher. Após a sessão, haverá um debate com as pesquisadoras Mayra Goulart, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Patrícia Rufino, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Ufes; Daniela Zanetti, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Ufes; e Simone Azevedo, doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP) e servidora da Ufes. O evento é aberto ao público.

Dirigido por Rithyele Dantas, o filme foi produzido pelo Observatório do Conhecimento - rede de associações e sindicatos de docentes de diversos estados, mobilizada em torno da defesa da universidade pública. Passando por diferentes gerações e áreas do conhecimento, o documentário aborda as vivências e os desafios das cientistas Helena Padilha, Maria da Glória Teixeira, Isis Abel e Nina da Hora.

Coordenadora do Observatório, a professora Mayra Goulart diz que a diversidade foi um elemento central na concepção do documentário, de modo a inspirar mulheres mais jovens a seguirem os passos das personagens, apesar dos obstáculos que se impõem. Por isso, também, o filme foi exibido em escolas de educação básica.

"Há meninas e mulheres jovens que têm interesse na ciência e acham, às vezes por serem pobres, negras ou PCDs [pessoas com deficiência] - ou seja, por seus corpos não coincidirem com o mainstream da ciência de ponta, formado por homens brancos de classe média e alta -, que não podem ser grandes cientistas", explica Goulart. "Pensamos num documentário com mulheres de diferentes origens geográficas, diferentes etnias, cores e idades, que possam espelhar trajetórias possíveis dentro do ambiente científico."

Pouco avanço

Ela afirma que, desde sua entrada na carreira científica, não houve mudanças significativas no cenário para as mulheres que almejam a carreira de cientista. "A questão de gênero avançou ainda menos do que outras. As opressões sobre as mulheres permanecem. Por exemplo, ainda somos responsáveis pelo trabalho doméstico, e isso tem impacto sobre as nossas carreiras", afirma Goulart.

Além de abordar os obstáculos enfrentados pelas mulheres no ambiente científico, o documentário joga luz sobre a importância da universidade pública: três das quatro protagonistas fazem ciência na universidade. "É o gasto público que produz ciência", defende Goulart. "A tecnologia financiada por empresas só vai naquilo que gera lucro imediatamente. O Estado é capaz de produzir uma ciência de longo prazo, que tenha conexão com o desenvolvimento do país. É sobretudo o Estado que promove processos de inclusão via ciência", destaca.

 

Texto: Superintendência de Comunicação da Ufes