
O processo de envelhecer é natural, mas apresenta desafios em relação à mobilidade e à flexibilidade, especialmente em pessoas com estilo de vida sedentário. A esteira inteligente SmartTreadmill, desenvolvida na Ufes, estimula a aderência às atividades físicas a partir da realidade virtual e jogos interativos.
O equipamento é desenvolvido por meio de uma parceria entre o Laboratório de Telecomunicações (Labtel) da Universidade e o do Human Centered System Lab (HCS), coordenado pelo professor do Departamento de Engenharia Elétrica Anselmo Frizera. Ele explica que o projeto usa um exergame – jogo eletrônico que une interatividade e atividade física. A combinação de sensores e de um telão digital leva a pessoa para dentro do ambiente virtual em três dimensões (3D), onde ela anda por uma plantação, enquanto um animal lança vegetais ou objetos pelo caminho. O objetivo é fazer com que o indivíduo pegue ou rebata o elemento usando um dos braços. Os sinais do usuário são captados por um sensor, que fica posicionado de frente para a esteira e transporta os movimentos para o personagem do jogo.
Os testes são acompanhados por profissionais da área da saúde, que usam da pontuação do jogo para entender a evolução dos usuários, como coordenação motora e capacidade cognitiva.
Treinamento
O treinamento funcional na esteira é de três meses. Ao longo das semanas, o jogo passa por alterações nos elementos, como a passagem das estações do ano e mudanças no clima. Assim, é possível trabalhar também a memória – com os usuários tendo que lembrar de objetos recolhidos no passado –, coordenação motora e capacidade cognitiva.
“Aqui temos o que conhecemos como processo de gamificação, que se refere a identificar os elementos que queremos trabalhar em um processo de treinamento ou reabilitação e encontrar estratégias que são comumente utilizadas em videogames”, explica a estudante do mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) Meilen Juliana Salamanca. A gamificação sugere mais dinamismo, trazendo maior engajamento à atividade proposta por chamar mais atenção e ser um processo descontraído.
Ainda segundo Meilen, “espera-se, em breve, validar o uso da esteira inteligente em um protocolo com idosos sedentários para analisar o impacto dessa metodologia conjunta em fatores psicofisiológicos”.
A fase de testes, que deve começar em breve, vai analisar, entre outras variáveis, a evolução da caminhada associada às diferentes fases do jogo. O projeto busca voluntários para os testes. Os interessados devem entrar em contato via Instagram do HCS.
Importância da atividade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana, o que evidencia a importância dos exercícios físicos para garantir o bem-estar.
Segundo Carla Zimerer, pós-doutoranda do PPGEE, a prática de exercícios é importante, principalmente para idosos. “A combinação nociva entre envelhecimento e sedentarismo leva à piora da saúde, da capacidade funcional e da qualidade de vida. Portanto, o sedentarismo associado ao envelhecimento pode levar à redução significativa da capacidade funcional e saúde em geral”.
Ela lembra que um desafio enfrentado pelos profissionais para combater o sedentarismo e estimular a saúde é a falta de motivação e engajamento dessas pessoas, que, pela falta de costume, podem achar a prática tediosa.
O projeto da esteira inteligente é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Imagem: Labtel