Morre filhote recém-nascido de harpia. Fortes chuvas podem ter comprometido desenvolvimento

29/12/2021 - 17:09  •  Atualizado 29/12/2021 17:26
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Pesquisadores da Ufes que atuam no Projeto Harpia – Núcleo Mata Atlântica apuraram nesta terça-feira, 28, que o filhote da ave descoberto este mês no norte do Espírito Santo não resistiu, visto que foi encontrado morto. O recém-nascido foi localizado pelos pesquisadores em um ninho na Reserva Biológica de Sooretama.

O professor Aureo Banhos dos Santos, pesquisador e coordenador do Núcleo Mata Atlântica, acredita que as condições climáticas na região, com a incidência de fortes chuvas, tenham comprometido o desenvolvimento do filhote. Foi identificado, segundo ele, que o casal de harpia voltou a se acasalar no ninho, o que poderá resultar em novas reproduções, de acordo com as expectativas do pesquisador.

Neste mês, outro ninho também foi encontrado no sul da Bahia, com um casal de harpia e um filhote jovem já batendo asas. As fortes chuvas naquela região, com a elevação do nível dos rios, alagamentos, rompimento de barragens e grande número de pessoas desabrigadas são fatores que preocupam os pesquisadores.

O nascimento de harpia no Espírito Santo e o filhote encontrado na Bahia são dois casos recentes de reprodução bem-sucedida, considerando que a ave, também conhecida como gavião-real, sofre ameaças extremas e enfrenta processo de extinção. Para os pesquisadores, a reprodução da ave representa um dado positivo para o projeto, mesmo com as adversidades naturais, as ações predatórias do homem e as consequências da pandemia de covid-19.

O projeto

O Projeto Harpia atua na Amazônia e na Mata Atlântica e realiza o resgate, monitoramento e devolução à natureza. As atividades do projeto foram bastante prejudicadas nos últimos dois anos por conta da pandemia de covid-19, de acordo com Aureo Banhos, professor do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), do campus da Ufes em Alegre. Segundo ele, o objetivo, neste momento, é a retomada plena da atuação dos pesquisadores em 2022.

Com o nome de Programa de Conservação do Gavião-Real (PCGR), o Projeto Harpia é vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e surgiu em 1997, após a descoberta de um ninho de gavião-real (Harpia harpyja) numa floresta próxima à região de Manaus. Em 1999, foram definidas metas para ampliar a identificação, mapeamento e monitoramento de ninhos. O projeto conta com o apoio de pesquisadores parceiros, voluntários, estudantes e bolsistas na coleta de dados, educação ambiental e divulgação de informações no entorno de ninhos de gavião-real, que são monitorados na Amazônia e Mata Atlântica.

As áreas protegidas do norte do Espírito Santo e sul da Bahia são os únicos locais da Mata Atlântica com casais de harpia conhecidos se reproduzindo. No Espírito Santo o projeto é apoiado pela empresa Vale, e, na Bahia, pela empresa Veracel. Nos dois estados o projeto tem o apoio da Ufes, da Fundação Espírito-santense de Tecnologia (Fest), e do Instituto Últimos Refúgios, além das organizações não governamentais Beauval Nature, da França, e Tiergarten Nuernberg, da Alemanha.

 

Texto: Luiz Vital
Imagem: Projeto Harpia - Mata Atlântica

Edição: Thereza Marinho