Pesquisadores do Laboratório de Geociências Marinhas (LaboGeo), vinculado ao Departamento de Oceanografia e Ecologia da Ufes, participaram entre os dias 6 e 10 de maio da GeoHab 2024 (Mapeamento Geológico e Biológico de Habitats Marinhos) – evento realizado em Arendal, na Noruega –, e apresentaram trabalhos focados na divulgação da plataforma continental do Espírito Santo, uma zona marinha entre 10 e 100 metros de profundidade. Essa é uma das áreas mais bem mapeadas com cobertura de batimetria multifeixe no Brasil – método usado no estudo das profundidades de ambientes aquáticos.
A delegação capixaba foi formada pelos professores Alex Bastos, a estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Ambiental (PPGOAm) Ana Carolina Lavagnino, e a pós-doutoranda Tarcila Franco. A conferência tratou de assuntos como o desenvolvimento tecnológico de equipamentos remotos e de processos e análises de dados, gestão e planejamento de uso de recursos marinhos, e até estudos de caso.
A partir de iniciativas de apoio à preservação dos oceanos, como o Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA - Fundação Renova e Fest/Ufes), Recuperação da Bacia do Rio Doce (Fapes), International Ocean Discovery Program (Programa Internacional de Descoberta do Oceano - IODP - Brasil/Capes) e o Projeto de Caracterização Regional do Espírito Santo e Norte da Bacia de Campos (Ambes - ANP/Petrobás), entre outros, o LaboGeo já mapeou mais de 2 mil quilômetros quadrados de dados de batimetria multifeixe multifrequência, tornando-se um laboratório de referência nacional e internacional no mapeamento de habitats marinhos e geomorfologia submarina.
“O fundo dos oceanos é uma grande fronteira do conhecimento e, na apresentação, nossa aluna Ana Carolina mostrou que no mapeamento foram encontradas feições que nunca tínhamos visto antes. Isso impacta diretamente no conhecimento sobre a distribuição da biodiversidade, mas também sobre processos que não sabíamos que estavam atuando na região”, afirma o professor.
Uso sustentável
Outra apresentação, feita por Tarcila Franco, falou da aplicação direta dos dados do fundo marinho para o desenvolvimento do planejamento espacial marinho ou do zoneamento ecológico-econômico costeiro/marinho, que são ferramentas básicas para o desenvolvimento e uso sustentável dos oceanos.
“A base do conhecimento sobre o fundo marinho e sua biodiversidade é fundamental para as análises de conflitos de uso e a aplicação de soluções baseadas na natureza. O poder do mapeamento é muito grande para a tomada de decisão, porque a representação dos usos potenciais do fundo marinho em combinação com seus conflitos e com a distribuição da biodiversidade e dos possíveis riscos geológicos e ambientais são base para a decisão dos gestores públicos”, aponta Alex Bastos.
Nos últimos três anos, o LaboGeo publicou mais de dez artigos científicos sobre o fundo marinho na plataforma continental do Espírito Santo e sul da Bahia. Clique aqui e confira alguns dos dados coletados pelo LaboGeo.