Pesquisadores da Oceanografia apresentam mapeamento da zona marinha do ES em evento na Noruega

15/05/2024 - 18:26  •  Atualizado 15/05/2024 18:39
Texto: Sueli de Freitas     Edição: Thereza Marinho
Compartilhe
Imagem subaquática mostrando extenso fundo de rodolitos na Área de Proteção Ambiental Costa das Algas, no Espírito Santo

Pesquisadores do Laboratório de Geociências Marinhas (LaboGeo), vinculado ao Departamento de Oceanografia e Ecologia da Ufes, participaram entre os dias 6 e 10 de maio da GeoHab 2024 (Mapeamento Geológico e Biológico de Habitats Marinhos) – evento realizado em Arendal, na Noruega –, e apresentaram trabalhos focados na divulgação da plataforma continental do Espírito Santo, uma zona marinha entre 10 e 100 metros de profundidade. Essa é uma das áreas mais bem mapeadas com cobertura de batimetria multifeixe no Brasil – método usado no estudo das profundidades de ambientes aquáticos.

A delegação capixaba foi formada pelos professores Alex Bastos, a estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Ambiental (PPGOAm) Ana Carolina Lavagnino, e a pós-doutoranda Tarcila Franco. A conferência tratou de assuntos como o desenvolvimento tecnológico de equipamentos remotos e de processos e análises de dados, gestão e planejamento de uso de recursos marinhos, e até estudos de caso.

A partir de iniciativas de apoio à preservação dos oceanos, como o Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA - Fundação Renova e Fest/Ufes), Recuperação da Bacia do Rio Doce (Fapes), International Ocean Discovery Program (Programa Internacional de Descoberta do Oceano - IODP - Brasil/Capes) e o Projeto de Caracterização Regional do Espírito Santo e Norte da Bacia de Campos (Ambes - ANP/Petrobás), entre outros, o LaboGeo já mapeou mais de 2 mil quilômetros quadrados de dados de batimetria multifeixe multifrequência, tornando-se um laboratório de referência nacional e internacional no mapeamento de habitats marinhos e geomorfologia submarina.

“O fundo dos oceanos é uma grande fronteira do conhecimento e, na apresentação, nossa aluna Ana Carolina mostrou que no mapeamento foram encontradas feições que nunca tínhamos visto antes. Isso impacta diretamente no conhecimento sobre a distribuição da biodiversidade, mas também sobre processos que não sabíamos que estavam atuando na região”, afirma o professor.

Imagem do relevo do fundo marinho ao largo de São Mateus, na região dos Recifes Esquecidos. A imagem mostra um canal submerso e pequenos recifes nas margens com bancos e dunas subaquáticas.

Uso sustentável

Outra apresentação, feita por Tarcila Franco, falou da aplicação direta dos dados do fundo marinho para o desenvolvimento do planejamento espacial marinho ou do zoneamento ecológico-econômico costeiro/marinho, que são ferramentas básicas para o desenvolvimento e uso sustentável dos oceanos.

“A base do conhecimento sobre o fundo marinho e sua biodiversidade é fundamental para as análises de conflitos de uso e a aplicação de soluções baseadas na natureza. O poder do mapeamento é muito grande para a tomada de decisão, porque a representação dos usos potenciais do fundo marinho em combinação com seus conflitos e com a distribuição da biodiversidade e dos possíveis riscos geológicos e ambientais são base para a decisão dos gestores públicos”, aponta Alex Bastos.

Nos últimos três anos, o LaboGeo publicou mais de dez artigos científicos sobre o fundo marinho na plataforma continental do Espírito Santo e sul da Bahia. Clique aqui e confira alguns dos dados coletados pelo LaboGeo.

 

Categorias relacionadas