Equipe da Ufes tem desempenho histórico em Desafio Mundial de Velocidade de Transmissão de Dados em Redes

09/12/2024 - 14:35  •  Atualizado 12/12/2024 13:02
Texto: Thiago Sobrinho     Edição: Thereza Marinho
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Imagem de um gráfico que mostra o desempenho em velocidade de várias redes e o pico de 10 terabits alcançado pela equipe da Ufes

Pesquisadores e estudantes da Ufes conseguiram realizar a transferência de 10 terabits – ou 10.000 gigabits – de dados por segundo em longa distância. O feito foi realizado durante um dos principais eventos computacionais de alto desempenho do mundo: o SuperComputing 2024. A marca foi alcançada no fim de novembro, durante o Desafio Mundial de Velocidade de Transmissão de Dados em Redes, realizado em Atlanta, nos Estados Unidos.

A equipe da Ufes – formada por professores e estudantes de pós-graduação da Universidade, e pesquisadores do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – foi liderada pelo professor do Departamento de Informática Magnos Martinello, que avalia o resultado alcançado como um “marco histórico”, que representa um avanço significativo no projeto de roteamento. “O objetivo central é acelerar a entrega de grandes volumes de dados (datasets) para centros de pesquisa dedicados a ciências intensivas [na área]”, explica ele.  

Segundo Martinello, a participação no SuperComputing 2024 posiciona a Ufes como uma instituição que contribui para o avanço científico e tecnológico internacional. “Além disso, o evento serve como uma vitrine para inovações tecnológicas que impulsionam pesquisas científicas e oferecem soluções para desafios complexos, como mudanças climáticas, modelagem genômica, inteligência artificial aplicada, entre outros”, complementou.

Avanço

O evento ocorre anualmente e reúne pesquisadores, profissionais e líderes da indústria para explorar inovações recentes nas áreas de supercomputação, inteligência artificial, armazenamento de dados e demais iniciativas para serem aplicadas em diversos setores, como ciência, engenharia e negócios.

No evento no ano passado, o número de dados transmitidos pela equipe da Ufes foi de 6 terabits. “Basicamente foi dobrada a meta do ano anterior. É um avanço bem significativo de um ano para o outro”, comemora o professor.

Para se ter uma ideia da escala do feito deste ano, Martinello detalha que foi como se houvesse ao mesmo tempo 20 mil conexões residenciais, considerando uma média de 500 mega por casa, com acesso à internet na transmissão simultânea realizada pelos pesquisadores.

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Na foto, Harvey Newman, da Caltech University; professora Mariam, do Departamento de Energia dos EUA; Rafael Guimarães, do Ifes; e Magnos Martinello, da Ufes

Ainda segundo o professor, durante o evento, as transmissões ocorreram em dois momentos, utilizando o protocolo PolKA – Polynomial Key-based Architecture for Source Routing in Network Fabrics (Arquitetura baseada em chave polinomial para roteamento de origem em malhas de rede). A primeira delas ocorreu numa transferência realizada entre duas cidades diferentes: Miami e Atlanta, localizadas na Flórida e Geórgia, respectivamente.

Já a segunda transmissão foi realizada a partir do laboratório do Núcleo de Estudos em Redes Definidas por Software (Nerds) da Ufes, alcançando cerca de 10 gigabits por segundo, ou seja, uma taxa de transferência alta, que é importante para atender às demandas de conectividade de diversas áreas da tecnologia da informação.

Computação de alto desempenho

A computação de alto desempenho, fio condutor do evento que contou com a participação da equipe da Ufes, vai além de simplesmente possibilitar velocidades de transmissão de dados maiores do que computadores convencionais. A tecnologia também está presente em diversas aplicações do cotidiano.

“Exemplos de uso no dia a dia podem ser vistos, por exemplo, na previsão do tempo, com modelos meteorológicos, usados para prever tempestades, temperaturas e padrões climáticos e que dependem da computação de alto processamento para processar enormes quantidades de dados atmosféricos rapidamente’, explicou Magnos Martinello.

Contudo, alerta o professor, a computação de alto desempenho exige investimentos consideráveis em infraestrutura. “Mas há uma crescente tendência no setor comercial de substituir equipamentos físicos pela computação em nuvem”, garante.

Para o docente, a virtualização dos recursos computacionais e das redes abre um mundo de possibilidades de pesquisas na área e permite que a Ufes assuma seu protagonismo. “Toda a experiência (e contatos com os maiores grupos mundiais no assunto) que estamos desenvolvendo há uma década no assunto está habilitando a Ufes a também assumir a liderança no assunto no Brasil. E no contexto do e-Ciência, este papel se consolida sendo o único grupo da rede com esta expertise”, conclui Martinello.

Foto: Divulgação

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